terça-feira, 6 de setembro de 2011

folk


Imagino tua mão pequena sobre a minha grande, num tapete de grama, com o vento, a lua e a noite. Ao olhar no teu olho, vejo uma nova velha amiga; vejo-me.

Imagino teu bom ser sussurrando-me ao ouvido, roubando-me uma risada que carrega o prazer em te ter como amiga. Como toda boa risada, ela ecoa no silêncio como a luz na escuridão, carregando a boa notícia através da chuva e das árvores. Das colinas, eu ouço o mar e teus suspiros no meu ouvido. A fogueira deixa sua silhueta bonita, tão feroz quanto teus olhos, e esquenta a pele fria do vento do fim do verão. Os sons da noite - os nossos - procuram o tom da maré, inventando o gênero musical dos amantes, a trilha sonora de todas as noites que sonho em te ter.

Imagino mais: teu braço laçado no meu, e assim dançamos ao som de harpas, flautas e violinos que só existem em nossos sonhos. Rodamos, bebemos, cansamos e eu lhe dou meu ombro para tu repousar tua cabeça. Nesse ponto já não há mais nada além da noite e da natureza, e quase nos tornamos parte deles, unidos pela compreensão ímpar que temos. As árvores choram as folhas do outono sobre nós; o céu chora as chuvas do inverno. E em todas as vezes que chover, a música das gotas nas folhas me lembrará de nós dois, ...

... e esse é o gênero musical da vida, ainda que do amor; a trilha sonora de toda minha eternidade que dura só até cada amanhecer. E tu és minha noite.

"I do not hear noise, I hear music." - John Cage

0 comentários:

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial